terça-feira, 25 de setembro de 2007

Lidando com as interrupções

Recebi o seguinte email de um colega:
  > On Monday 24 September 2007, Gustavo Chaves wrote:
>> E aí? Começou o trabalho?

> Comecei sim, e inúmeras vezes para ser sincero. Acho que você
> sabe como é o ambiente aqui no suporte, muitas interrupções...
> O pior é que eu não sei como lidar direito com isso (como você
> lida com isso???)...
É um ciclo. Geralmente começa quando eu volto das férias e não tenho nenhuma pendência acumulada. (A verdade é que eu acabo me esquecendo de todas as pendências não realizadas antes das férias.) Nesse momento eu estou feliz.

Daí eu começo a fazer uma coisa até ser interrompido e eu empilho o estado. Começo a tratar a interrupção e outra ocorre. Mais um push. Quando acaba o dia minha pilha começa a perder os links e no dia seguinte eu já não sei bem por onde começar. Normalmente eu começo por alguma atividade do meio da pilha, que deixa de ser uma pilha de verdade e passa a ser um balaio de tarefas mal-começadas.

Depois de um tempo algumas dessas atividades simplesmente saem do meu inconsciente (do consciente já saíram faz tempo) e ficam perdidas.

Algumas semanas disto e eu já estou estremamente irritado e convontade de dar um basta, falando com o chefe, passando a usar headphones, colando uma placa de não-perturbe nas costas, planejando trabalhar em casa e sonhando com o ambiente de trabalho idealizado no livre Peopleware e no blog do Joel Spolsky.

Mas... pro bem ou pro mal o peso dos anos serve pra frear estes impulsos. Mais de dez anos trabalhando em TI sem ter conseguido resolver o problema me deixam deprimido pensando que ou não há solução ou eu não sou capaz de encontrá-la.

Pra evitar o incômodo da dissonância cognitiva eu acho que meu inconsciente acaba resolvendo o problema dando um dispose geral e zerando minha pilha de atividades. Normalmente as próximas férias já estão chegando e a expectativa de começar zerado de novo já me conforta.

(Não desanime... nada garante que este seja um problema insolúvel.)

Tempestade em copo d'água

No capítulo sobre "comunicação" do livro Producing Open Source Software, Karl Fogel tem uma seção interessantíssima chamada The Softer the Topic, the Longer the Debate na qual ele argumenta que embora uma discussão possa vaguear em qualquer tópico, a probabilidade de que ela vagueie aumenta na medida em que a dificuldade técnica do tópico diminui.

Deste modo, é geralmente mais difícil atingir o consenso em discussões técnicas em que o tópico seja fácil de entender e de se formular uma opinião a respeito e em tópicos "leves" tais como organização, publicidade, patrocínio, etc. Os envolvidos podem participar destas discussões pra sempre, porque não há pré qualificação necessária pra isso nem critérios claros para se decidir (mesmo a posteriori) se uma decisão foi certa ou errada e, porque, simplesmente suportar a discussão por mais tempo é muitas vezes uma tática de sucesso.