quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Meus filhos não gostam de ler. E agora?!

O Andreyev me mandou um link pro diário do Mentor Muniz, mais precisamente pro post no qual ele conta sobre a sua árdua luta pra manter o nível de leitura de suas filhas. Eu também tenho uma filha de sete e um filho (que perigo) pré-adolescente e achei o relato muito interessante. Só que, infelizmente, ele não achou uma fórmula mágica...

Aqui em casa eu tenho tentado ler junto com o Tiago há vários anos. Normalmente na cama, antes de dormirmos. Noto que ele gosta. Ele interage, ri e comenta. Quando vamos retomar a leitura ele quase sempre se lembra de onde paramos na véspera mais facilmente do que eu.

Mas ele gosta quando eu leio em voz alta pra ele. Ele mesmo não quer ler em voz alta pra mim. Cheguei a pensar nos últimos tempos em oferecer um prêmio financeiro por livro lido, mas temo que isso acabe passando a ideia de que a leitura não passa de um "trabalho enfadonho".

A Ju já tem pedido pra comprar livros de estórias e já leu um inteiro sozinha. Mas ainda não comecei a tentar estimulá-la oficialmente...

Eu, que sempre gostei de ler, não tenho certeza de como é que isso começou. Sempre achei que deve ter sido algum dos primeiros livros que eu li que me fisgou. Li "A Ilha Perdida" aos 8 anos e me lembro que gostei tremendamente. Depois foram outros livros da Coleção Vaga-Lume, lembram? "O Escaravelho do Diabo" era ótimo! Depois vieram os livros da Agatha Christie, dos quais eu devo ter lido uns 40. Este mês reli "O Caso dos Dez Negrinhos" (que foi retraduzido e renomeado como "E Não Sobrou Nenhum") com o Tiago e ele gostou bastante. Mas eu li todo ele em voz alta...

Outra série que o Mentor comenta e que eu li toda pro Tiago é a da Turma do Gordo, cujo primeiro é "O Gênio do Crime". Os dois ou três primeiros livros da série são muito legais mas depois as estórias começam a ficar muito surreais e sem graça.

Eu não sei se ainda não consegui encontrar o tipo de livro que vai "fisgar" o Tiago ou se a prática de ler em voz alta acaba deixando-o mal-acostumado ou, ainda, se a solução é outra ou se não tem mesmo uma solução...

Alguma idéia?

(Eu ia postar o seguinte como comentário, mas acho que faltou mesmo dizer porque que eu acho a leitura importante.)

Eu também acho que a leitura vai se transformar nos próximos anos. Não há como evitar. Mas se as vendas recentes do Kindle da Amazon indicam alguma coisa não é que a leitura de livros vai deixar de existir por completo.

Por que eu gostaria de cultivar o hábito da leitura nos meus filhos? Em parte é um tanto óbvio, mas há alguns argumentos que eu li recentemente que trazem à luz algumas razões mais específicas.

Um deles é o artigo do Nich Carr chamado Is Google Making Us Stupid?, no qual ele sugere que "na medida em que nós vamos perdendo o nosso repertório interno de uma densa herança cultural nós nos arriscamos a nos transformar em "pessoas panquecas", espalhando-nos de modo largo e raso enquanto nos conectamos à vasta rede de informações acessíveis ao mero toque de um botão". (Inspirador, não?)

Tem também um excelente artigo do Keith Stanovich, What Reading Does for the Mind?, no qual ele mostra evidências de como a quantidade de leitura (independente da qualidade, aliás) na infância tem consequências mensuráveis no nível de inteligência do adulto. E o mais impressionante é que quanto mais cedo a criança adquire o hábito, maiores são as consequências...

Agora dá licença que eu tô com pressa... :-)

4 comentários:

  1. Sei não, mas suspeito que a leitura estará morta em menos de 20 anos.

    Por que "vocês" liam vorazmente até ~1970? Acho que ainda que existissem outras formas de diversão e difusão do conhecimento, a maior parte, tirando a leitura e poucas outras, eram meio "autoritárias": dependiam da disponibilidade de outros para interagir, para gerar conteúdo etc.

    Acho que isto não é bom ou mau, é apenas mais uma mudança de uma geração para outra. Lembre da transição do rádio pra TV ou do jornal pra internet.

    Pode parecer "o fim do mundo" mas nossos filhos receberão as informações necessárias de alguma forma.

    Bibliotecas serão museus, livrarias serão antiquários.

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  2. Sei também não, mas quero que meus filhos possam adquirir este hábito que eu infelizmente não tive.
    Não creio que a leitura vá morrer mas talvez se transformar. O importante é que meus filhos tenham conhecimento em várias áreas e que gostem de adquirir conhecimento e cultura. Seja lendo ou ouvindo, o importante é que sintam falta de informações vairadas. Abraço, Eduardo Chaves

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  3. Leitura é como um 'esporte'
    iniciar o hábito de ler é um pouco penoso: sono, releituras contínuas etc.

    Isso porque você precisa criar toda uma estrutura no cérebro para compreender o texto, imaginar o que lê etc.
    Por isso não condeno quem faz um pouco de cara feia para a leitura, no início é difícil.

    Depois que esta determinada área do cérebro estiver 'criada' e um tanto exercitada o processo fica incrivelmente agradável e a pessoa ganha muito com isso.


    Em casa tentei fazer meu irmão ler Cornwell (Tri. do Arqueiro) ele chegou no segundo livro, sempre conversávamos sobre as guerras, personagens etc.
    Pensei: "agora vai!"
    Comprei a coleção do Harry Potter pra ele e todos os volumes estão devidamente plastificados na estante como chegaram, (ao lado do segundo livro da trilogia do Arqueiro).

    Culpa do entretenimento: jogos realistas, internet.. que as vezes também estimulam o cérebro, mas de outras formas.
    Leitura, escola são coisas 'penosas e pouco interessantes' para a geração nova. Eles precisam de muita ação, adrenalina, estímulos, não sei até que ponto a leitura pode suprir tudo isso.

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  4. O Luiz eu nem precisei fazer força, foi por osmose mesmo (via todo mundo em casa lendo, resolveu ler também). Hoje ele faz Sociologia, lê uns três livros por semana para a faculdade, além de outros por conta própria.

    A Yasmin começou ler por causa da Santa Stephenie Meyer e seus vampiros e lobisomens e não parou mais, tá sempre com um livro nas mãos.

    O Ettore ainda não sabe ler, mas gosta de ver as figuras. Ele quer ser grande e forte e eu disse pra ele que eu sou grande e (er..) forte porque eu li bastante...

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